Para um pouco!
Te olha no espelho e
Toca teu rosto
vê tua cara…
Cada linha na tua face
expressa a tua jornada
a chutes e pontapés
Porque é assim que
nos é imposto.
Viver é lutar!
Ainda que só quisesse
um sono tranquilo,
ouvir os pássaros
e o céu contemplar.
Nesse labirinto,
cada porta abre uma batalha
cada troca entre as nossas
compartilha uma dor,
ainda que não falada.
Por isso tudo,
precisamos que respire!
Que lembre de quem tu és.
Que mergulhe na solidão-mulher.
Que não te esqueças
que tuas marcas no corpo
teu cabelo prateado
teu olhar taciturno e teus passos marcados
são fruto
da forja bruta
do nosso tempo e
são germe do novo
que acolhe em sonhos e pensamentos
pois até ali adoecemos
até ali, é grito rouco.
Para tempos difíceis,
Respostas não óbvias.
Te olha, te vê e te ampara!
Estamos aqui com as mãos estendidas
basta segurá-las
porque contigo e no bando
sem juras de amor
travamos as mais belas batalhas
ensaiamos voar para além da dor
ousamos coletivizar toda essa força
que a vida nos obrigou.
O lugar seguro que desejas
(e mereces)
está aqui, entre semelhantes.
Não abandonemos esse laço,
nem nos dias mais angustiantes.
Esteja contigo…
descansa, respira,
Sinta nosso abraço
e reabra as janelas
para a vida, ainda que só,
em tua companhia,
no teu próprio compasso.
Refaz tua rota,
recalcula os planos.
Dessa vez,
você vem primeiro
enquanto mãe, mulher,
militante, proletária,
ser que transforma e
atravessa quem toca.
Nada de sombra, nem
de bengala.
Que caiam as máscaras
para florescer a potência
da vida por inteiro.
Entre o fim e o começo,
viver e sentir o meio.
Já é tempo de firmar em si
tomar teu rumo pelos dedos
ainda que em pedaços
você saia.
Cortar e sangrar todo dia
o peso da navalha.
Que teu tesão floresça e
que a vida te acolha
com a justiça e a dignidade
de quem soube fazer sua escolha.
Com o carinho e a camaradagem
de quem de longe
te quer bem
e te quer junto mesmo distante
nessa breve e insistente vida
que só faz sentido algum
quando decidimos transformá-la
engendrar nossas mãos para um dia
viver plena de sentidos
e humanizada.
Que nenhuma mulher ou menina
seja subjugada.
Que as relações sejam enfim
não mercantilizadas.
Que os amores e nossa sexualidade
sejam livres de toda a estrutura
que um dia foi herdada.
Que o amor camarada
possa enfim existir
e que até lá, você nos tenha
como o germe do que há por vir.
Contigo em mim e ainda em ti,
nessa longa, dura e bela caminhada.