O PULSO DO PASSO
(à vitória do dia 12 de fevereiro de 2015 dos educadores do Paraná contra o governo)
Correnteza que varre certezas e parlamentos
o asfalto suava sob incontáveis passos.
O povo, cuspido da sala de aula,
gritava uníssono entre aplausos e rajadas:
- Não tem arrego!
(era mais alto)
Naaaaoooo teeeem arregoooooo
Entraram como deveriam entrar
sem pedir licença, com pé na porta
sem aguardar chamadas de presença,
nem comandos enferrujados.
Humilhados, os vermes no camburão
tramavam outra dança:
bombas, tiros, canhão
SU-PER-SÔ-NI-CO
Apesar de seus ternos caros,
foram despejados
não pela burocracia,
mas pela revolta canalizada.
Livros, gritos, convicções,
palavras incendiárias,
a “tia da merenda”
numa fúria revolucionária.
Sonido, ruido, rugido
prenúncio vivo do amanhã.
E por um dia - pelo menos um -
os que escrevem a história dos outros
rascunharam sua própria,
com voz, com força,
com luta.
O plenário, enfim, cumpriu sua função
vestido de resistência, tingido de povo,
ecoou a voz das ruas!
Num único dia reluziu
o pulso do novo
batidas revoltas
que há 10 anos insistimos,
entre trancos e barrancos,
persistimos
no alçar do
próximo
passo.
12/02/2025
Escrito em parceria com Vinícius Prado, companheiro das profundidades da vida.