quarta-feira, 23 de outubro de 2024

FULIGEM

 


FULIGEM



fragmentos de vidas ceifadas

partículas de biodiversidade 

                            devastada


Bicho, planta, planta, bicho 

como num passe de mágica

viram pó, poeira, resquício. 


a fuligem acena o futuro

invade a cidade

numa revoada sem rumo

tinge a paisagem 

de cinza-fúnebre profundo.


Bicho, planta, planta, bicho

não adianta perguntar

o que você tem a ver com isso

só tenta respirar 

com o seu negacionismo


a cortina de fumaça

revela o íntimo antagonismo

entre humanidade e capital

quase à beira do precipício


mas então… você pergunta

que fazer diante disso?


quisera eu acreditar 

que com a chuva tudo passou

e nem mais recordar 

a moça com nome de flor


Bicho, planta, planta, bicho

não adianta se esquivar 

nem um mísero milímetro

enquanto o agro avançar,

é barbárie ou socialismo.


entre o caos ecoa 

um rouco e certeiro grito:

Reforma agrária popular

Pelo fim do ecocídio!



16/09/2024



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