sábado, 15 de junho de 2024

VULCÂNICAS


 

VULCÂNICAS 


                                                             Para as mulheres  

que se traduzem em poesia



Que seres são esses

que transbordam vísceras

quentes e espessas

que destroem e criam

paisagens inteiras?


Tecem vínculo estranho 

ao cotidiano 

entrelaçam mãos e afetos

como casulo-gesto 

da negação de um mundo tirano


Erguem moradas acolhedoras,

apesar dos encanamentos que insistem em

gotejar antigas dores.

Grupalizam,

apesar do encapsulamento que persiste

no eterno hoje.

Atiram palavras-molotov

explodem em declarações de guerra 

e de amores.


Trançam manifestos por novos voos

asas abertas e peito ao vento 

subvertem a moral  

conspiram contra o bom senso


Travam batalhas 

no corpo público-político,

palco, picadeiro, trincheira

Barricadas e granadas

lhes acompanham ao largo de uma vida inteira


Vão entre o que vive 

o preço do feijão, do café, do sabão  

que limpa a sujeira do trabalho reprodutivo 

não pago e não visto

que desde cedo carregam nas mãos. 


Poetas,  

vertem o sentimento do mundo 

que brota pelos poros.

Oceânicas,

carregam uma imensidão de águas

que limpam os velhos destroços 

Vulcânicas, 

transbordam em erupção o novo

que reluz no brilho de seus olhos.



15/06/2024

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